Definição de Lavoisier
Devido ao conhecimento sobre ácidos fortes de Lavoisier era restrito principalmente aos oxiácidos, os quais tendem a conter átomos centrais em altos estados de oxidação cercados por oxigênio, tal como o HNO3 e H2SO4, e dado que ele não dispunha da composição verdadeira dos ácidos hidroalogênicos, HCl, HBr, e HI, definiu ácidos em termos de seus conteúdos de oxigênio, o qual de fato recebeu seu nome das palavras gregas significando "formador de ácido" (do grego οξυς (oxys) significando "ácido" ou "afiado" e γεινομαι (geinomai) ou "gerar/formar"). A definição de Lavoisier foi mantida como absoluta verdade por mais de 30 anos, até o artigo de 1810 e subsequente abordagens por Sir Humphry Davy nas quais ele provou a ausência de oxigênio em H2S, H2Te, e nos ácidos hidroalogênicos. No entanto, Davy falhou em desenvolver uma nova teoria, concluindo que "a acidez não depende de nenhuma substância elementar particular, mas de peculiar arranjo de várias substâncias"[2]. Uma notável modificação da teoria do oxigênio foi fornecido por Berzelius, que afirmou que os ácidos são os óxidos de não-metais, enquanto as bases são óxidos de metais.[editar] Definição de Liebig
Esta definição foi proposta por Justus von Liebig em torno de 1838,[3] baseado em seus extensos trabalhos sobre a composição química de ácidos orgânicos. Esta finalizou a doutrina estabelecida sobre ácidos baseados em oxigênio a ácidos baseados em hidrogênio, iniciada por Davy. De acordo com Liebig, um ácido é uma substância contendo hidrogênio na qual este pode ser substituído por um metal qualquer.[4] A definição de Liebig, completamente empírica, permaneceu em uso por quase 50 anos até a adoção da definição de Arrhenius.[5][editar] Definição de Arrhenius
A definição de Arrhenius das reações ácido-base é um conceito ácido-base mais simplificado desenvolvido pelo químico sueco Svante Arrhenius, que foi utilizado para proporcionar uma definição mais moderna das bases que seguiram-se a seu trabalho com Friedrich Wilhelm Ostwald no que estabeleceram a presença de íons em solução aquosa em 1884, e que levou a Arrhenius a receber o Prêmio Nobel de Química em 1903 como "reconhecimento por seus extraordinários serviços... prestados ao avanço da química por sua teoria da dissociação eletrolítica".[6]Tal como se definiu no momento do descobrimento, as reações ácido-base se caracterizam pelos ácidos de Arrhenius, que se dissociam em solução aquosa formando íons hidrogênio (H+), reconhecidos posteriormente como íon hidrônio (H3O+),[6] e as bases de Arrhenius que formam ânions hidróxido (OH−. Mais recentemente, as recomendaciones da IUPAC sugerem agora o novo termo "hidrônio",[7] no lugar do também aceitado e mais antigo de "hidrônio"[8] para ilustrar os mecanismos de reação, tais como os definidos nas definições de Bronsted-Lowry e sistemas solventes, mais claramente que com a definição de Arrhenius que atua como um simples esquema geral do caráter ácido-base.[6] A definição de Arrhenius pode ser resumida como "os ácidos de Arrhenius formam íons hidrogênio em solução aquosa, enquanto que as bases de Arrhenius formam íons hidróxido".
A tradicional definição aquosa de ácido-base do conceito de Arrhenius se descreve como a formação de água a partir de íons hidrogêno e hidróxido, assim como a formação de íons hidrogênio e hidróxido procedentes da dissociação de um ácido e uma base em solução aquosa:
- H+ (aq) + OH− (aq)
H2O
Isto conduz à definição de que, nas reações ácido-base de Arrhenius, se forma um sal e água a partir da reação entre um ácido e uma base.[6] Em outras palavras, é uma reação de neutralização.
- ácido+ + base− → sal + água
- 2 NaOH + H2SO4 → 2 H2O + Na2SO4
[editar] Definição de Brønsted-Lowry
Nesta definição, um "ácido é um composto que pode doar um próton, e uma base é um composto que pode receber um próton". Em consequência, uma reação ácido-base é a eliminação de um íon hidrogênio do ácido e sua adição à base.[10] Isto não se refere à eliminação de um próton do núcleo de um átomo, o que requereria níveis de energia não alcançáveis através da simples dissociação dos ácidos, senão a eliminação de um íon hidrogênio (H+).
A eliminação de um próton (íon hidrogênio) de um ácido produz sua base conjugada, que é o ácido com um íon hidrogênio eliminado, e a recepção de um próton por uma base produz seu ácido conjugado, que é a base com um íon hidrogênio adicionado.
Por exemplo, a eliminação de H+ do ácido clorídrico (HCl) produz ânion cloreto (Cl−), base conjugada do ácido:
- HCl → H+ + Cl−
- H+ + OH− → H2O
- H+ + NH3 → NH4+
- CH3COOH + NH3 → NH4+ + CH3COO−
- 2 H2O
H3O+ + OH−
Então, a fórmula geral para as reações ácido-base, de acordo com a definição de Brönsted-Lowry, é:
- AH + B → BH+ + A−
[editar] Definição de Lewis
Informação extra em Ácido de Lewis e Base de LewisA definição de Lewis das reações ácido-base, proposta por Gilbert N. Lewis em 1923[11] é, em suma, uma generalização que compreende a definição de Brönsted-Lowry e as definições de sistema solvente.[12] Em lugar de definir as reações ácido-base em termos de prótons ou de outras substâncias relacionadas, a proposta de Lewis define uma base (conhecida como base de Lewis) ao composto que pode doar um par eletrônico, e um ácido (um ácido de Lewis) como um composto que pode receber este par eletrônico.[12]
Por exemplo, se consideramos a clássica reação aquosa ácido-base:
- HCl (aq) + NaOH (aq) → H2O (l) + NaCl (aq)
Ao tratar as reações ácido-base em termos de pares de elétrons em vez de substâncias específicas, a definição de Lewis pode ser aplicada a reações que não se situam dentro de nenhuma das outras definições de reações ácido-base. Por exemplo, um cátion prata se comporta como um ácido com respeito a amônia, que se comporta como uma base, na seguinte reação:
- Ag+ + 2 :NH3 → [H3N:Ag:NH3]+
Em reações entre ácidos de Lewis e bases de Lewis, ocorre a formação de um aduto[12] quando o orbital molecular ocupado mais alto (HOMO) de uma molécula, tal como o NH3, com pares de elétrons solitários disponíveis doa pares de elétrons livres ao orbital molecular mais baixo não ocupado (LUMO) de uma molécula deficiente em elétrons, através de uma ligação covalente coordenada; em tal reação, a molécula interatuante HOMO atua como uma base, e a molécula interatuante LUMO atua como um ácido.[12] Em moléculas altamente polares, como o trifluoreto de boro (BF3),[12] o elemento mais eletronegativo atrai os elétrons até seus próprios orbitais, proporcionando uma certa carga positiva sobre o elemento menos eletronegativo e uma diferença em sua estrutura eletrônica devido às posições de seus elétrons em orbitais axiais ou equatoriais, produzindo efeitos repulsivos das interações "par solitário-par envolvente" entre os átomos envolvidos em excesso com aqueles previstos de interações par envolvente-par envolvente.[12] Os adutos que envolvem íons metálicos são conhecidos como compostos de coordinação.[12]
[editar] Definição pelo sistema solvente
Esta definição se baseia em uma generalização da definição anterior de Arrhenius a todos os solventes autodissociáveis.Em todos estes solventes, há uma certa concentração de espécies positivas, cátions solvônio, e espécies negativas, ânions solvato, em equilíbrio com as moléculas neutras do solvente. Por exemplo, a água e a amônia se dissociam en íons oxônio e hidróxido, e amônio e amida, respectivamente:
- 2 H2O
H3O+ + OH−
- 2 NH3
NH4+ + NH2−
- N2O4
NO+ + NO3−
- 2 SbCl3
SbCl2+ + SbCl4−
- COCl2
COCl+ + Cl-
As reações ácido-base não aquosas em amônia líquida são similares as reações em água:
- 2 NaNH2 (base) + Zn(NH2)2 (amida anfifílica) → Na2[Zn(NH2)4]
- 2 NH4I (ácido) + Zn(NH2)2 (amida anfifílica) → [Zn(NH3)4)]I2
- HNO3 (base) + 2 H2SO4 → NO2+ + H3O+ + 2 HSO4−
- AgNO3 (base) + NOCl (ácido) → N2O4 + AgCl
[editar] Outras teorias ácido-base
[editar] Definição de Usanovich
A definição mais geral é a do químico russo Mikhail Usanovich, e pode ser resumida como que um ácido é qualquer espécie química que aceita espécies negativas ou doa espécies positivas, e uma base o inverso. Isto tende ser derrubado como coerente com o conceito de reação redox (oxidação-redução), motivo pelo qual não goza de apoio pelos químicos. Isto se deve a que as reações redox se focam melhor como processos físicos de transferência eletrônica, em lugar de processos de formação e ruptura de ligações, ainda que a distinção entre estes dois processos é difusa.[editar] Definição de Lux-Flood
Esta definição, proposta pelo químico alemão Hermann Lux[13][14] em 1939, melhorada posteriormente por Håkon Flood em torno de 1947[15] e hoje usada comumente em geoquímica e eletroquímica modernas de sais fundidos, descreve um ácido como um receptor de íons óxido, e uma base como um doador de íons óxido. Por exemplo:[16]- MgO (base) + CO2 (ácido) → MgCO3
- CaO (base) + SiO2 (ácido) → CaSiO3
- NO3- (base) + S2O72- (ácido) → NO2+ + 2 SO42-